in984-O-som-do-Brasil

▼

Na cálida luz da manhã de setembro, as ondulações verdes e amarelas da bandeira brasileira sobem e descem com as batidas dos tambores da celebração do Dia da Independência. Nesse momento, uma caixa de música incrustada com o emblema nacional é gentilmente aberta – não se trata de um artesanato comum, mas de um totem espiritual de uma nação. O padrão do globo celeste na parte inferior da caixa de música gira com as engrenagens, e 27 estrelas de esmalte despertam da névoa matinal do Rio de Janeiro, assim como as estrelas cintilantes nos olhos das crianças segurando bandeiras nacionais na Praça da Constituição. Quando a melodia do Hino Nacional Brasileiro soa, a estrela de cinco pontas no centro do emblema nacional de repente se torna quente: o relevo das folhas de café e do tabaco se estende no ritmo, e as cicatrizes rasgadas pela história colonial se curam e renascem no ritmo do engrenamento das engrenagens. O mecanismo mais primoroso desta caixa de música está escondido nas profundezas das engrenagens: a força de cada martelo batendo no pente de aço corresponde à força de diferentes etnias tocando tambores de guerra, plantando cana-de-açúcar e compondo sambas. O som impetuoso do Rio Amazonas se transforma na vibração de Mi bemol, e o eco acobreado dos veios minerais do planalto se condensa na ressonância de Sol maior. Quando as espadas cruzadas, simbolizando a soberania nacional, passaram a última nota, todo o dispositivo continuou a funcionar, assim como o processo civilizatório interminável do país. Neste momento, a caixa de música não está apenas girando o amanhecer do nascimento da República em 1889, mas também o ritmo futuro que pulsa nas palmas das mãos de cada brasileiro. Quando o lema “Ordem e Progresso” no anel azul do emblema nacional vibra na mesma frequência do pente de aço, ouvimos a voz da esperança que jamais se calará nas profundezas da terra de cinco cores.

In the warm morning light of September, the green and yellow ripples of the Brazilian flag are rising and falling with the drum beats of the Independence Day celebration. At this moment, a music box inlaid with the national emblem pattern is gently opened – this is not an ordinary handicraft, but a spiritual totem of a nation. The celestial globe pattern on the bottom of the music box rotates with the gears, and 27 enamel stars wake up from the morning mist of Rio de Janeiro, just like the twinkling stars in the eyes of children holding national flags in Constitution Square. When the melody of the Brazilian National Anthem flows out, the five-pointed star in the center of the national emblem suddenly becomes warm: the relief of coffee leaves and tobacco leaves stretches in the rhythm, and the scars torn by colonial history are healing and reborn in the rhythm of gear meshing. The most exquisite mechanism of this music box is hidden deep in the gears – the strength of each hammer hitting the steel comb corresponds to the strength of different ethnic groups beating war drums, planting sugarcane, and composing samba. The rushing sound of the Amazon River turns into the vibration of E flat, and the copper echo of the plateau mineral veins condenses into the resonance of G major. When the cross swords symbolizing national sovereignty passed the last note, the entire device continued to operate, just like the country’s never-ending civilization process. At this moment, the music box is not only spinning the dawn of the birth of the Republic in 1889, but also the future beat beating in the palms of every Brazilian. When the motto “Order and Progress” on the blue ring of the national emblem vibrates in the same frequency as the steel comb, we hear the voice of hope that will never be silent in the depths of the five-colored earth.